quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Poemas

                           

    Um pouco de poema

Quem não gosta de poema? Bom, agora irei postar alguns  poemas de variados poetas!










Autopsicografia                     

Fernando Pessoa                                     
                                                     
O poeta é um fingidor.                                        
 Finge tão completamente
 Que chega a fingir que é dor
 A dor que deveras sente.
 E os que lêem o que escreve, 
 Na dor lida sentem bem, 
 Não as duas que ele teve,
 Mas só a que eles não têm. 
 E assim nas calhas de roda
 Gira, a entreter a razão,
 Esse comboio de corda 
 Que se chama o coração.        




Soneto 17

William Shakespeare


 Se te comparo a um dia de verão
 És por certo mais belo e mais ameno
 O vento espalha as folhas pelo chão
 E o tempo do verão é bem pequeno. 

 Ás vezes brilha o Sol em demasia 
Outras vezes desmaia com frieza;
 O que é belo declina num só dia, 
Na terna mutação da natureza. 

 Mas em ti o verão será eterno,
 E a beleza que tens não perderás; 
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

 Nestas linhas com o tempo crescerás.
 E enquanto nesta terra houver um ser,
 Meus versos vivos te farão viver.


Erro
(Machado de Assis)
                            (Transcrição livre)

O erro é seu.
Amei-o um dia com esse amor passageiro que nasce  na fantasia e não chega ao coração.
Não foi amor, foi apenas uma ligeira impressão, um querer indiferente.
Em sua presença vivia, anulava se estava ausente.
Se ora me vê esquiva, se, como outrora, não me vê a seus pés, é que, assim de repente, passou-me esta fantasia.
Para eu voltar a ama-lo deveria ser outro e não como era.
Suas frívolas quimeras, seu vão amor de si mesmo, este pêndulo gelado que chamava coração era bem fracos liames para que a alma enamorada me conseguissem prender.
Foi tudo inútil.
O azar se voltou contra você, e embora pouca, você perdeu a gloria  de me arrastar a seus pés...
Vãs quimeras! Para eu voltar a ama-lo, outro deveria, não como era...

Você
Rafael Maya

Você é uma canção
Brisa ligeira percorrendo as flores e os ninhos.
Dormem sob seus pés campos floridos e seus cabelos são um rio verdadeiro.
Começa em você a minha vida.
Você é o sol que surge em meus horizontes pressentidos, as corredeiras do rio da minha vida, a minha estrela-guia de marinheiro.
Em minhas mãos a sinto como uma brisa.
Seu suspiro encanta jardins e borboletas flutuam ao seu mais leve sorriso.
Você é a sombra e a luz e eu, a aspiro, perfume que me encanta e seduz.

Paixão por sua voz
Miguel Hernadez

Tenho paixão por sua voz, um apetite voraz por sua companhia e uma melancolia dolente pela ausência do ar do seu suspiro.
Meu tormento carece de paciência, da sua clemencia aquecendo meu dia gelado, curando minha ferida.
Ah, minha querida, paixão e apetite, melancolia e saudade.
Sustente-me com seus beijos.
Se eles me faltam, morro.
Venha, amor, preencher esta ausência, serenar meus pensamentos e derrubar sobre mim a dádiva do seu amor.










          

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